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Como conviver com pessoas Borderline?

5 dicas de como se comportar e como colocar limites.


Quero começar destacando que o que vou compartilhar aqui não se destina apenas a pessoas que convivem com indivíduos confirmadamente diagnosticados. Há pessoas que apresentam apenas alguns traços, outras podem estar passando por crises que as assemelham ao diagnóstico. Da mesma forma, este texto pode ser útil para você que possui o diagnóstico e deseja explicar para as pessoas como é conviver com você.

Se você leu o post "O que é esse tal de borderline" e se identificou, seja por semelhança ou por pensar em alguém, vamos juntos buscar maneiras de aprimorar essas relações e te ajudar com dicas de como conviver com pessoas Borderline. 1- As explosões de raiva são um desafio significativo no transtorno de personalidade borderline, frequentemente observadas no consultório e documentadas na literatura. Podem envolver a destruição de objetos, socos em superfícies e, em casos mais graves, violência dirigida a outras pessoas. Essas explosões também podem ser observadas como uma forma de automutilação, representando um ataque do indivíduo contra si mesmo.

Desenho de um homem irritado,  vestido com camisa social e gravata vermelha.
Imagem retirada do site craiyon: angry person

Geralmente nos deparamos com duas opções diante de explosões emocionais: reagir ou ignorar. A primeira envolve encarar de frente, debatendo as ideias, enquanto a segunda se baseia muitas vezes no ditado popular "quando dois não querem, dois não brigam" ou na ideia de que "sem plateia não há espetáculo". No entanto, convido você a considerar uma terceira via, ilustrada por uma história um pouco distante do universo do borderline.

Imagine-se com uma criança pequena/jovem cuja única preocupação é tomar um sorvete antes do almoço. Apesar das tentativas de explicar que a sobremesa vem depois, que o sorvete não está disponível no congelador, e que talvez possam tê-lo mais tarde, o choro persiste. Você, encarando a situação, eventualmente decide ignorar, deixando a criança chorar sozinha, com a promessa de explicar novamente quando estiver calma. No entanto, poderia o choro ser mais do que uma birra? Será que a criança não chora pela frustração de seu desejo não poder ser satisfeito imediatamente?

Na maturidade emocional da criança, a impossibilidade de tomar sorvete pode doer profundamente, a ponto de justificar o choro. Talvez, o que ela realmente precise seja um abraço e a permissão para expressar sua frustração. Assim, a terceira via se revela: "Entendo que você queria muito o sorvete, e é difícil quando desejamos algo que não podemos ter. Posso acolher sua frustração com um abraço?" Esse abraço, é claro, pode ser substituído por qualquer gesto que ambos, na relação, compreendam como um acolhimento à frustração, seja ele cócegas, colo ou carinho.

Pintura aquarela de um abraço entre uma mulher asiática e um menino loiro
Aquarela de um abraço, Retirado do site craiyon : hug

Caso não tenha ficado evidente, a terceira via consiste em permitir e, talvez, acolher o sentimento resultante da explosão emocional. A racionalidade requer um ambiente propício, que inclui reações emocionais mais moderadas. Portanto, sugiro que você tenha a paciência necessária para aguardar o momento oportuno de abordar de frente o assunto que provocou a explosão. Peço que também compreenda que, ao contar a história de uma criança, muitas vezes nos baseamos no estereótipo de que crianças têm menos maturidade emocional, o que naturalmente nos leva a ser mais pacientes. No entanto, é essencial reconhecer que o transtorno de personalidade borderline traz consigo oscilações de humor e desregulação emocional, especialmente em situações que envolvem o receio de abandono e a sensação de solidão. Mesmo que um indivíduo com borderline possua a aparência de um adulto, isso não implica necessariamente que a desregulação emocional será menos intensa.

Enquanto uma criança pode chorar por um sorvete, um adulto com borderline pode experimentar uma dor e desespero semelhantes ao se sentir sozinho, mesmo em situações que à primeira vista não parecem desencadear uma reação emocional intensa. Portanto, é crucial reconhecer a profundidade das emoções e a complexidade das experiências emocionais para aqueles que lidam com o transtorno de personalidade borderline. O que introduz a minha segunda dica: 2- investir em conhecimento sobre os sintomas do transtorno de personalidade borderline. E sim, isso é um reforço por você estar aqui lendo esse post: parabéns por procurar alternativas e ideias para melhorar a sua relação. Quanto mais embasado você estiver nesse conhecimento, mais capaz será de adotar uma abordagem racional em momentos desafiadores. Este conhecimento não apenas proporcionará uma compreensão mais aprofundada durante crises, mas também permitirá que você tenha maior controle sobre suas próprias reações.

Reconhecer e diferenciar as características do transtorno de personalidade borderline das características individuais da pessoa com quem você se relaciona é fundamental. Isso contribuirá significativamente para uma compreensão mais precisa de cada situação, evitando generalizações precipitadas. Com essa abordagem, é possível evitar o equívoco de atribuir todos os desafios unicamente à pessoa ou ao diagnóstico, permitindo uma compreensão mais compassiva e contextualizada de cada circunstância.

Livros coloridos empilhados, o fundo da imagem é azul
Livros imagem retiradas do site craiyon: books

3 - Procure também ser acolhido, gostaria de ressaltar a necessidade de buscar apoio para si mesmo. É altamente recomendado que pessoas que convivem com indivíduos diagnosticados com borderline considerem a terapia como uma ferramenta valiosa. Não é uma sugestão feita para puxar a sardinha para o meu lado, mas sim um convite à reflexão.

Já se viu em situações em que sentia que era você quem exagerava? Ou talvez colocava um pouco mais de drama do que necessário? Ao compartilhar suas experiências, já teve a sensação de que outros passaram por algo semelhante, mas em uma escala menos intensa do que você enfrenta em sua relação com alguém que tem borderline? Conviver com pessoas borderline pode criar uma sensação de solidão, pois é difícil encontrar aqueles que compartilham experiências similares.

Existe também a culpa por não conseguir fazer a relação ser tão 'normal' quanto as histórias que as pessoas compartilham. Há o receio constante de conflitos, o medo genuíno de que o outro possa se machucar. Essas emoções precisam ser reconhecidas e acolhidas em espaços que não agravem essa sensação, em espaços que não questionem a validade desses sentimentos. A psicoterapia oferece uma escuta especializada, um suporte valioso para lidar com os desafios únicos que surgem ao conviver com pessoas que têm o transtorno de personalidade borderline. Se precisar, se tiver perguntas fique a vontade para entrar em contato comigo, juntos podemos ver se eu ou algum dos meus colegas terapeutas podemos te ajudar. Pra acessar meu whats é só clicar aqui.

4 - Cuidado com o excesso de prova de amor. Na minha experiência e nas conversas com outros profissionais, percebo uma tendência comum entre aqueles que convivem com pessoas que têm borderline. Diante da demanda principal, que é o medo do abandono, sentimos uma inclinação natural para suprir ao máximo a necessidade de carinho e atenção do indivíduo com borderline. No entanto, é fundamental reconhecer e respeitar nossos próprios limites, considerando os dias ruins e as automáticas limitações que todos nós enfrentamos.

Afinal, somos todos humanos, sujeitos a momentos de instabilidade emocional. Nem sempre conseguimos oferecer uma resposta ou acolhimento imediato à angústia do abandono e à necessidade de atenção que o borderline experiência. O trabalho do indivíduo com borderline, muitas vezes, envolve o aumento da tolerância ao mal-estar associado à instabilidade nas relações e às variáveis reações que podemos ter.

O equilíbrio entre atender às necessidades do indivíduo com borderline e respeitar nossos próprios limites é altamente individual. Cada situação é única, assim como as necessidades de atenção do border que convivemos. É uma dança delicada entre compreender as demandas emocionais do outro e avaliar nossa capacidade real de adaptação.

É essencial estabelecer limites saudáveis e comunicá-los de maneira clara e empática. Isso não apenas protege nosso bem-estar emocional, mas também contribui para relacionamentos mais equilibrados. É uma jornada de autoconhecimento contínuo, entendendo quando podemos nos estender um pouco mais e quando precisamos preservar nosso próprio espaço emocional. Na busca pelo equilíbrio entre atender às necessidades do indivíduo com borderline e respeitar nossos próprios limites, a terapia desempenha um papel fundamental. A terapia não apenas proporciona suporte emocional, mas também capacita a encontrar soluções práticas para lidar com os desafios únicos que surgem nesse contexto complexo.

Casal voando com balões de coração
Love imagem retirada do site Storyset

5 - Cuidado com mudanças bruscas! Compreendo que a vida acontece, e haverá momentos de ausência por diversas razões: ficar até mais tarde no trabalho, passar mal, distrair-se ou até mesmo a bateria do telefone acabar. No entanto, é crucial reconhecer que a vida segue um ritmo, e a estabilidade desempenha um papel significativo nas águas muitas vezes turbulentas do transtorno de personalidade borderline.

A estabilidade é uma espécie de calmaria para o border, pois reduz os pensamentos catastróficos que podem surgir. Lembre-se de que a tendência dele é interpretar ausências como abandono, achar que você encontrou relações melhores ou que não gosta mais dele. Portanto, quanto mais claro e explicativo você for em relação aos contextos e às suas intenções, melhor.

Por exemplo, se estiver cansado devido a uma semana agitada e não puder se encontrar, comunicar isso de maneira clara pode fazer toda a diferença. Quanto mais lógico você for ao trazer o border para o seu mundo, menos espaço você deixa para pensamentos catastróficos. Claro, isso é uma tentativa de evitar explosões emocionais ou de raiva. Embora não seja uma garantia de que sua explicação irá necessariamente evitar tais reações, aumenta a probabilidade de evitá-las. A comunicação transparente torna-se uma ferramenta valiosa para construir pontes de entendimento e suavizar turbulências da relação.

Balão de conversa azul seguido por um balao de conversa roxo
Chat Imagem retirada site Crayon Comunication

Em resumo, a convivência com o transtorno de personalidade borderline pode ser desafiadora, mas é possível encontrar caminhos para construir relacionamentos mais saudáveis e compreensivos. A busca por conhecimento, o estabelecimento de limites saudáveis, a importância da terapia e a clareza na comunicação são ferramentas poderosas nesse percurso.

Lembre-se sempre de que a jornada é única para cada pessoa, e não há soluções universais. A empatia e a paciência consigo mesmo e com o outro são essenciais. Se você tem experiência ou insights sobre conviver com o borderline, compartilhe nos comentários. A troca de experiências é valiosa e pode oferecer apoio para aqueles que enfrentam desafios semelhantes. Além disso, se você sentiu a necessidade de um olhar único sobre a sua situação e deseja, junto comigo, refletir sobre caminhos e alternativas com acolhimento, sinta-se à vontade para entrar em contato pelo WhatsApp 11 966469503.


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